sábado, 30 de junho de 2012

Nova direção começa mal

Minha estreia com o Casino à frente do grupo Páo de Açúcar não foi auspiciosa. Recebi meu pedido (feito via internet) com pão mofado, carnes descongeladas e horas de atraso.

Já o serviço de atendimento fecha pontualmente às dez da noite e, por e-mail, avisa:

"Agradecemos o envio de sua mensagem ao Pão de Açúcar Delivery.
Esta é uma mensagem de confirmação automática, por favor, não responder. Nosso horário de atendimento telefônico é de Segundas à Domingo das 08 às 22 horas (...)." E por aí vai.

Minha pergunta é: se não dá para acertar na entrega, dá para ao menos escrever o Português corretamente? Só a crase já é estrago suficiente!

Ah, a ilustração vai em inglês em "homenagem" ao Delivery.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Desrespeito completo

Desta vez o desrespeito não foi às normas gramaticais, ao "robe" (transformado em hobby), ou coisa do gênero. A Globo, simplesmente, não respeitou os horários e, consequentemente, o público e até a grande Fernanda Montenegro, estrela de "Maria do Brasil".

Quem pôs para gravar o último episódio de "As brasileiras", pensando em degustar mais tarde a atuação sempre magnífica da atriz, quebrou a cara e não viu o fim da história, mesmo dando um tempo extra, antes e depois do programado pela emissora, na Net HDMax. Isso não se faz!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Passatempo no quarto

Calma, pessoal, esta não é uma nota pornográfica! É de ordem ortográfica mesmo (e demorou a entrar aqui porque o Vírtua estava fora do ar).

Uma amiga joirnalista até mandou e-mail, avisando, mas só agora tive acesso à internet para compartilhar outro acesso, de riso.

A gafe está nas "curtinhas" da coluna Gente Boa, que anuncia: "(...) lança hoje sua linha de hobby de chambre" (ui!). Bem, fazer o quê? Como cada um se distrai no quarto, antes e depois de vestir o robe, é questão de foro íntimo, não é mesmo?

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Complexo de Saramago

Hora de jogar fora os jornais do fim de semana, dou uma última olhada no Globo de sábado e percebo que não li a matéria a respeito do Abílio Diniz, que passou o controle do Pão de Açúcar ao grupo Casino. E eis que, no pé do texto, encontro um exemplar do "complexo de Saramago", tão comum entre colegas de profissão (meus, não do genial português).

Para quem não entendeu, explico: o escritor sabia como ninguém (ênfase no "como ninguém", por favor) mudar de sujeito no meio da frase, sem, em momento algum, deixar o leitor confuso, mesmo não usando pontos e vírgulas.

Já os jornalistas se esquecem de que isso não é tarefa simples e que nosso texto tem outra função, não literária. Na frase "(...) Diniz afirmou que 'este não é o momento de acertarmos as contas' (...)", por exemplo, o repórter se incluiu na ação, porque o empresário não usou o plural majestático no restante da reportagem.

Mais comum (e pior) ainda é quando o colega se apropria de obra alheia, com construções do tipo "Fulano vai lançar o livro que considera 'o meu melhor trabalho'". Nada como interromper a sentença, pôr dois pontos e começar outra, para ficar claro a quem pertence cada coisa — e cada fala.

domingo, 24 de junho de 2012

Acorda, gente!

Preciso perder essa mania de ver telejornal aos domingos. Mesmo às três da tarde, o pessoal da Globo News parece ainda estar dormindo. Há pouco, por exemplo, o tempo todo aquela chatíce das letrinhas que ficam passando no pé da tela só trazia informação velha e com erro.

As chamadas já começaram com a pérola "Fernando Alonso subiu ao pódio com os outros campeões" — como assim?!? Houve empate no GP da Espanha?

Na matéria das eleições no Egito, a apresentadora fez pésssima escolha de palavras ao perguntar ao correspondente se "os muçulmanos explodiram na praça após o resultado". O repórter, por sua vez, mandou de lá um feiíssimo "neste momento onde", transformando tempo em lugar, e um "anunciamento" — esse, nem o arcanjo Gabriel faria! Êh Bobajal...

'Entrelido' por aqui

Sabe essas coisas que a gente lê só para ficar com raiva? Evito a maioria, mas acabo batendo a vista naquela coisa chamada "Entreouvido por aí", em que a Revista do Globo ressalta a ignorância dos habitantes da República Federativa do Bobajal, às vezes suavizando-a com gracinhas infantis.

Pois hoje eu não entendi o que acharam de engraçado ou errado na fala do pedreiro que disse que uma obra já estava em "fase terminal". Ou o pessoal do jornal carioca acha que a expressão só se aplica a doenças? Esta é apenas a acepção médica da palavra "terminal", que, entre muitas outras coisas (e muito antes), quer dizer "relativo ao termo (fim) ou ao remate".

Ao Tuaregue Elegante

O título acima me veio à cabeça assim que vi a reportagem a respeito do inverno na região mais quente do comércio carioca (aliás, ficou chata essa revista monotemática do Globo, com todo mundo falando que Rio não combina frio). Bom, voltando ao assunto, era assim que o saudoso Chico Nelson e o Gabeira, ambos no exílio, chamavam uma loja parisiense de roupas masculinas na qual só viam entrar árabes (na França, até o Chico era considerado "pied-noir").

A dúvida aqui é: o "tuaregue elegante" se veste "na" Saara ou "no" Saara? Até este domingo, eu lia e ouvia o masculino para o deserto e o feminino para a região de compras no Centro. Depois da matéria em que passei os olhos, não sei mais. Alguém pode explicar?

Legenda, dublagem e desrespeito

O sistema de gravação da Net HDMax funciona bem. O que nem sempre funciona é a organização dos canais. Muitas não respeitam horários — e aí, claro, o assinante leva gato por lebre: senta-se para ver o que programou e tem desagradáveis surpresas, como descobrir em seu lugar uma atração que não lhe interessa, ou que o fim daquele filme de suspense foi cortado etc. etc.

Falando em corte, a rede Telecine acertou ao dar a opção de dublagem, legendas e som original aos assinantes — quem paga (e não é pouco!) para ter uma TV com mais opções e qualidade merece tudo isso e muito mais. Porém, não tem o mínimo respeito com os letreiros e músicas (e até cenas) do encerramento dos filmes, interrompidos por chamadas de outros que virão (a invasão é tão abrupta que chega a assustar).

Alberto Roberto, ícone da canastrice
Assustadoras também são as dublagens do Space. Para quem não entende alemão, por exemplo, é impossível acompanhar um filme no canal, pão-duro demais para pagar legendadores: não dá para aturar a canastrice em português.

Proponho às operadoras a criação de pacotes com emissoras que oferecem todas as opções e outros com as sovinas. Estou leiloando: troco dez, troco 20, troco 30 sem SAP e legenda por uma com serviço completo.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O falado, o escrito e o poético

Diferenças entrre a língua escrita e a falada já foram comentadas algumas vezes aqui. Vale salientar que, quando se lê a escrita de profissionais das Letras, os erros saltam mais aos olhos do leitor experiente (e dão mau exemplo ao iniciante).

Numa rápida passada pela coluna Gente Boa de hoje, numa mesma nota encontram-se "estava na hora da favela deixar" (o correto é "de a favela deixar") e "com direito à tênis pendurado e pipas enganchadas" (se o masculino não deu a pista de que a crase não existe aí, o plural seguinte deveria ajudar).

No mais, não está errado, mas a sonoridade de "viela de favela" não cai bem. É preciso ser Álvares de Azevedo para fazer soar belo "É ela! É ela! É ela! (...) a minha lavadeira na janela".

Povo novidadeiro

Desde que começou a Rio+20, as siglas mudaram nos telejornais. ONG virou "oenegê" na Globo News, CET virou "cê-ê-tê" na Rede Globo... e por aí vamos.

Só falta o nosso Código de Endereçamento Postal deixar de ser CEP para se transformar em "cê-ê-pê".

Será que o grande evento internacional inspirou a criação de uma nova Norma de Sustentabilidade dos Fonemas por aqui? Na República Federativa do Bobajal, tudo é possível.

'Vou estar dando'... um basta!

Amiga do Facebook com quem troco figurinha diariamente disse que se lembrou de mim hoje, no caminho entre Petrópolis e Itaipava.

Ela conta que sintonizou a rádio Sul América Paradiso para ouvir o programa "Hora do blush", cujo tema do dia era distúrbios comportamentais na infância. 

Outro tipo de distúrbio começou quando a psicóloga convidada começou a falar como atendente de telemarketing treinado(a) em manual traduzido ao pé da letra (ou seja, mal e porcamente).

"Era um tal de vou estar informando, vou estar observando, vou estar indicando, que resolvi: 'não vou estar mais escutando' tanta bobagem! Troquei a doutora por um bom e velho CD."

Cabe a pergunta: você confiaria numa psicóloga que, em vez de fazer alguma coisa e ser direta em suas declarações, vai estar pensando (sabe-se lá quando — e talvez muito vagamente) em seus pacientes?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

E o Português, ó...


O ensino do idioma, pelo visto e ouvido por aí, piora mais e mais a cada nova reforma ortográfica. E isso se faz sentir, especialmente, no corte dos acentos, que ajudavam os habitantes da República Federativa do Bobajal a pronunciar corretamente as palavras.

Hoje, no "RJ-TV", o especialista de polícia, um rapaz articulado, me saiu com um "tijôlos quentes", com se o primeiro "o" tivesse um circunflexo. Este plural, no entanto, tem som aberto, ao contrário de "sogros" — cito esta porque jamais esqueço a turma do pôquer do meu pai pegando no pé de um amigo do grupo, que ainda tentou "consertar": "Uso sôgros quando são dos outros e sógros quando são os meus..." Não colou, claro.

Aguardem o carnaval de sons no Bobajal. A farra promete!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Nem antes, nem depois

Em nota da coluna Gente Boa,.azedaram o "notável bom-humor" do filho do casal Rosenberg, tascando-lhe um hífen.

Lamento informar que bom humor não tinha o traço de união antes e continuou sem ele depois da mais recente reforma promovida no idioma da recém-batizada República Federativa do Bobajal. 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Fonte encontrada no Bobajal

A julgar pelas contribuições cada vez mais frequentes da minha amiga que lê o Globo Online, o Bobajal tem uma fonte inesgotável, que lhe garantirá muito tempo de atividade sustentável — só para ficar no espírito da Rio+20.

Foi da conferência, aliás, que surgiu uma entrevistada, após desfilar com os seios à mostra na Cúpula dos Povos. E o repórter reproduziu:

"— Estamos aqui para ensinar e aprender todos os dias. Se daqui 50 anos ainda estiver aprendendo e ensinando está ótimo — filosofa a moça."

O mais gritante aí, claro, é um "haver" onde não (regrinha básica, pessoal: no passado, "" ( anos =  faz anos); no futuro, preposição "a" (daqui a uns anos = em alguns anos).

Além de escrever sem erro, pode-se melhorar o estilo, evitando repetições ("aqui" e "daqui"); pondo-se vírgula depois de "ensinando"; e evitando verbos estrambóticos para substituir o simples e eficaz "dizer". Essa moda ridícula de escrever coisas como "filosofa Fulano", "articula Beltrano", "elucubra Ciclano" ao fim de uma fala parecia morta e enterrada. Não vamos ressuscitá-la, por favor!

O que Picasso tem a ver com JLo?


Que diagramação estranha foi esta que inventaram hoje no Segundo Caderno? O titulaço bem em cima de um anúncio do show de Jennifer Lopez não faz o menor sentido.

Não tinha um calhau perdido no jornal para tapar o buraco, de forma que o título e o subtítulo ficassem junto à reportagem a que pertencem?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Samba do gótico doido

Michael Keaton em "Beetlejuice"

A atenta amiga leitora do Globo Online é cinéfila, como eu, e encontrou essa pérola no Blog do Bonequinho:

"Durante as entrevistas de divulgação do filme 'Abraham Lincoln: O caçador de vampiros', do qual Tim Burton é produtor, ele confidenciou que Seth Grahame-Smith, responsável pelo primeiro 'Os fantasmas se divertem', está preparando uma sequência." (os destaques, bem como a sugestão de título, são dela.)

Vale lembrar, ressalta minha amiga, que o escritor (autor do livro "Abraham Lincoln: O caçador de vampiros") Seth Grahame-Smith tinha 12 anos em 1988, quando foi lançado o primeiro "Beetlejuice" (aqui intitulado "Os fantasmas se divertem"). O menino seria um gênio?

Muito pertinentemente, ela ainda pergunta: O que é um "responsável" por um filme? O produtor, o diretor, o roteirista? Só posso garantir uma coisa: nem Seth, nem Burton, nem os vampiros têm nada a ver com "Abraham Lincoln vs. zombies", lançado em DVD.

Falando em credibilidade...

Você acreditaria num produto que promete "redeuzir" peso e, em vez de gorduras, elimina acentos (em "sem duvida", em "nossa fotografa Juliana Diniz" etc. etc.)?

Pois essa coisa está no ar. Onde? No Facebook, é claro!

Mostra ou não mostra?

Devia ter desconfiado quando o apresentador do "Hoje" disse que ia "mostrar imagens sobre um acidente de trânsito". Afinal, uma imagem sobre outra costuma atrapalhar a visão.

Pois não é que, mal acabou de fazer o anúncio das "cenas chocantes" (alardeadas desde os destaques que abrem o telejornal), ele voltou atrás e disse que não ia exibir as cenas por serem "muito chocantes"?!?

Atenção, editores: essas censuras têm que ser decididas nos bastidores, antes de o programa entrar no ar, ou perde-se totalmente a credibilidade. O público não gosta de ser enganado.

domingo, 17 de junho de 2012

Rio+20 no telejornal das três

Costumo ligar a Globo News aos domingos, às 15h, para ver uma das poucas opções de noticiário disponíveis na televisão nesse dia da semana. Hoje, estava esquisito, a começar pela apresentadora, que abriu o telejornal visivelmente sonolenta.

A plantonista da principal notícia, a Rio+20, não se dá bem com assuntos extensos (como a maioria dos repórteres da emissora) e se embolou na encheção de linguiça. O mesmo ocorreu com um de nossos embaixadores, que, tentando minimizar as críticas ruins à participação brasileira no "rascunho zero" do evento da ONU, usou a palavra "tarefa" incontáveis vezes, nas formas singular e plural, falou, falou e... não disse nada.

Voltando à colega, pior foi vê-la entrevistando um importante convidado estrangeiro: enquanto ele respondia, em inglês, ela se distraía fazendo anotações num bloquinho (uma descortesia, convenhamos). Depois, obviamente, as declarações "traduzidas" eram passadas ao público bem resumidinhas (para dizer o mínimo, com ou sem trocadilho).

Se o telejornal reflete a conferência internacional, o planeta está perdido!

Em tempo: quando foi que ONG virou "oenegê" no Brasil?

Pausa no Bobajal

Esta nota não tem nada a ver com o idioma e começa com um pedido de desculpas ao colega André Miranda, cujas críticas considero bem escritas e pertinentes. Só que, no último Rio Show, achei que faltou alguma coisa em sua análise de "Apenas uma noite" ("Last night").

O filme não é uma obra-prima, mas, na minha opinão, vai um pouco além da mera história de um casal e do suspense de uma possível traição de ambas as partes. O que é considerado infidelidade e em que níveis ela pode ocorrer são questões mais interessantes propostas pelo roteiro.

Por um lixo melhor

Para quem nasceu numa família para a qual jogar comida fora era pecado mortal (no antigo casarão com pomar, em BH, tudo era aproveitado de alguma forma), impressionam os altos números do desperdício de comida no Brasil, publicados hoje na coluna do Ancelmo.

O único deslize da nota (em meio a tantos erros cometidos por nós, brasileiros) é um "melhor aproveitado".

Há casos em que "melhor" e "mais bem" são igualmente aceitos, há casos em que não são. Na frase em questão, dizer que "(o lixo orgânico), com certeza, poderia ser mais bem aproveitado" ficaria muito melhor.

sábado, 16 de junho de 2012

A falta que uma letra faz

Letra comida no meio de um texto, geralmente, passa despercebida. Já em destaque, com fonte grande e negrito, chama a atenção — e pode divertir como este título de hoje, na editoria Rio, do Globo:

"Operação em termas acaba com três pesos".

Bom, acho que ainda há quem acredite que sauna emagrece...

Enganada ou enganosa?

Cuidado com a ótica que anuncia "´compre um óculos e ganhe outro óculos". O erro de Português, que combina palavra plural com artigo singular, pode embutir um engodo.

Em vez comprar um um par de óculos e ganhar outro, o cidadão pode pagar em dobro por um óculo para poder o levar o outro e ficar com os óculos completos. Algo na linha daqueles velhos políticos que oferecem a parte de cima da dentura antes da eleição e a de baixo depois do voto

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Nem no tempo do plastrom


Ainda lendo um livro escrito na época em que se usava plastrom (hora de ir ao dicionário, pessoal) e traduzido quando nosso idioma tinha trema, encontro um "fechou à chave".

Sinto informar que essa crase jamais existiu. Se não há em "fechado a sete chaves", por que haveria de ter com uma chave só?

Alhos e bugalhos

Querida — e atenta — amiga, também jornalista (por sorte, tenho algumas maravilhosas na minha vida), manda e-mail com chamada do Globo Online:

"Carrefour deixa Grécia antes de eleições cruciais
Varejista francês foge da crise que já derrubou vendas em 16% no 1º trimestre"

A pergunta da amiga é mais que pertinente: "É tão inusitado assim que uma empresa saia de um país depois de ver seu lucro despencar? As eleições (que decidirão se a Grécia se mantém na zona do euro) não influem no destino do Carrefour, creio eu."

É o que dá o afã de pôr notícia no ar, tão mais urgente hoje do que ontem: muito profissional não pensa antes de escrever e mistura alhos com bugalhos.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sobra 'sobre'

Outro excesso do dia, desta vez no jornal: a preposição "sobre". Hoje, ela apareceu no Globo associada aos mais variados verbos, criando construções esquisitas, e até num título igualmente estranho:

"Brasil descumpre meta sobre homicídios".

Vamos pensar no assunto, falar dele, relembrar aulas de Português e imaginar novas formas de dizer as coisas sem "subir sobre elas" e pôr a bendita preposição onde não existe?

Excesso de eventos

Do jornal para a televisão, o alerta, especialmente em tempos de Rio+20, vai para o "RJ-TV", que anda abusando da palavra "EVENTO".

Não há mais espetáculo de dança, concerto, peça teatral, apresentação disso ou daquilo. Tudo é "evento"!

O uso excessivo leva à banalização do vocábulo, cujo sentido primeiro é "acontecimento geralmente observável; fenômeno". Que tal resguardá-lo um pouquinho, para ele voltar a ter peso em ocasiões realmente importantes?

Corpos estranhos

Ainda não tinha chegado à página 15 do Globo, em que a amiga e colega, mais rápida, encontrou algumas pérolas. Diz ela, no e-mail que, gentilmente, me enviou:

"(...) A matéria (do grave acidente) informa que 'o motorista teve duas pernas quebradas'. Será que ele tem mais duas, que nada sofreram? (...) Também fiquei preocupada com a passageira que 'sofreu fratura do cócisx'. Deve doer muito mais..."

Realmente, não se pode esperar muito de um texto que, já no subtítulo, mistura alhos com bugalhos — "Jovens tiveram sonhos desfeitos, coletivo tinha 22 multas (...)" — e, no primeiro parágrafo, faz o mesmo com as regências — "atropelando e causando a morte de" (por que não optaram por "atropelando e matando cinco pessoas"?).

No trânsito e no uso do nosso pobre idioma, como brincava o saudoso Chico Nelson, it's ugly the thing...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Arrastando corrente

Saí sem ler o jornal e, na rua, uma amiga comentou a chamada da primeira página do Globo, a respeito dos contêineres que, instalados no pátio de um hospital carioca, funcionam como setor de emergência da instituição.

O que atraiu a atenção da colega foi o trecho que diz: "a solução provisória se arrasta desde (...)". Realmente, não foi uma escolha feliz de palavras. Serão os contêineres que se movem na surdina ou o redator queria se referir ao fantasma da saúde no Brasil, que arrasta corrente há muito tempo país afora?

Além da imaginação

O que você imagina ao ler o seguinte anúncio num alto de página da internet?

Ganhe + R$ 200 por noite!

Que alguém acha que o(a) leitor(a) faz michê a preços muito baixos? Que os cafetões estão propondo aumento para seus, digamos, empregados? Ou que os redatores de publicidade para o Facebook não têm noção de que quem aluga quartos em casa para estrangeiros não cobra "por noite", a não ser que esteja no ramo dos profissionais supracitados?

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O próprio já é seu

O livro da vez, na minha cabeceira, é antigo e tem tradução idem, pré-milésima reforma do idioma — ou seja, cheio de tremas e outras coisas que, infelizmente, não existem mais.

Encontrar acentos, hífens e outros velhos conhecidos é um prazer. Chato é tropeçar a todo momento num vício pleonástico, de juntar "seu" (ou "sua") a "próprio" (ou "própria").

O mais comum é "na sua própria casa", talvez sugerindo algum trauma de viver em imóvel alugado. Ainda que a expressão "pode entrar que a casa é sua" seja mera polidez e "a própria casa" nem sempre tenha escritura, nada justifica o exagero. É preferível escolher uma opção: "estava em sua casa" ou "na própria casa". Faça a sua.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Depois reclamam...

Não é à toa que, segundo o noticiário de Economia, os anúncios do Facebook "não vendem". Eu, pelo menos, não me sinto atraída por linguagem truncada, texto mal escrito e coisas do gênero reproduzido abaixo:


Se economizam 100% dispensando um redator, não vou perder 0,01% do meu tempo tentando entender essa matemática maluca.

Obs: o nome da marca foi retirado não para evitar constrangimentos à mesma, mas porque não vou usar este espaço para fazer propaganda de graça. Vou aproveitá-lo, isso sim, para reclamar também da praga informática de implementar mil novidades por dia nos serviços, enlouquecendo os próprios, juntamente com os usuários. Face e Google são campeões do "mal do bicho-carpinteiro.com".

Improvisação dá nisso

Mais uma da praga "telejornal informal". No "Hoje", em que a meteorologia virou papo de comadre, a "moça do tempo" explicou que "o frio chegou até ao Acre, provocando a famosa friagem".

Se friagem já significa
1. temperatura baixa; frialdade 2. met B N. queda repentina de temperatura causada por frentes frias provindas de regiões árticas...

... será que ela se referia a problemas agrícolas ou dermatológicos?
(3. aspecto que os vegetais apresentam quando crestados pelo frio e/ou pelo granizo 4. inflamação cutânea causada pelo frio; frieira.)

Difícil saber. As imagens só mostravam gente encasacada nas ruas.

PS: uma grande amiga, escritora e jornalista, se apressou em me explicar que a tal "friagem" é um fenômeno climático típico da região amazônica. Não discuto, mas a moça precisava dizer que a friagem foi provocada pelo frio?

A falta que um roteiro faz

Essa moda de "telejornal bate-papo" provoca alguns estranhamentos. Agorinha, no "RJ-TV", deu-se o seguinte diálogo entre os apresentadores:

Ele: "(...) a vítima (de um acidente) ainda não foi identifcada."
Ela: "E provocou um enorme engarrafamento."

Para quem ouviu a conversa, ficou a impressão de que a pessoa em questão foi duplamente inconveniente: além de ter morrido sem documentos, atrapalhou a vida de muita gente.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Não basta pesquisar

Quase sempre pulo a seção de filmes (da TV) do Segundo Caderno, porque me incomoda a sensação de "copia e cola" dos textos, cheios de informações com a cara das "wikipédias" da vida (como nome e sobrenome completo de atores, diretores etc.).

Hoje, porém, passei o olho no anúncio de "Jornada nas estrelas", só para encontrar, na última linha, um "Dr. Spock". Trekkies e trekkers (aficionados de "Star Trek") não perdoariam a falha. O vulcano mais famoso do planeta sempre foi "Senhor" (ou "Mister"). Doutor é o McCoy — e doutor de verdade, médico, não como se usa no Brasil, para qualquer um com ares de importante.

Notícia de véspera


Ligo a televisão, pego o "RJ-TV" já começado e acho que acordei ontem. Estava no ar a mesma velha matéria do pouso do helicóptero da polícia na praia de Copacabana, com o consultor do assunto (polícia, não praia) repetindo a mesma "aterrizagem" da véspera.

A quem interessar possa, os dicionaristas até dão uma colher de chá para o verbo "aterrizar", como oção para o preferível "aterrissar". Mas ignoram a palavra destacada no parágrafo acima, registrando apenas "aterrissagem".

Em tempo: o rapaz também garantiu que "o Rio de Janeiro não fará isso de novo". Isso mesmo, Rio! Comporte-se bem ou vai ficar de castigo, hein? Ai, ai, ai, ai, ai! E não me venha de teimosias como aquele casarão malcriado de Curitiba, que se recusava a fechar direitinho suas janelas.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Quem é Vida?

Nem sempre dá para subtrair o artigo numa frase ou — como é o caso — num título. Veja como soa estranho este aqui, publicado hoje na página de Ciência do Globo:

"Biotecnologia para vida real".

Se fosse para Fulana de Tal, tudo bem. Mas a vida como ela é (e com minúscula) pede o "acessório".

Atenção, Flamengo!

Uma nota a respeito de Carlinhos, o violino da Gávea, me levou ao site do Flamengo, clube do qual sou sócia proprietária e torcedora. Lá, encontrei o estranho acento — que mesmo virado ao contrário, como crase, estaria fora do lugar:

" (...) o clube também ofereceu á Carlinhos sete medalhas comemorativas."

O Fla e o jogador não merecem...

Casarão malcriado

Na coluna Gente Boa desta quarta-feira, o diretor de uma peça, em que os atores trabalham nus, diz: "Em Curitiba, fizemos durante o inverno, num casarão que não vedava as janelas."

Faltou o dedo de um redator, pois uma coisa é a linguagem falada e outra, bem diferente, a norma culta.

Há gente que parece ter medo do pronome "cujo", que poderia ser usado aí, apesar da aliteração: "(...) num casarão, cujas janelas (...)". Outra opção, entre várias: "(...) num casarão em que as janelas (...)". O que não vale é culpar o objeto inanimado pelo desconforto.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Será que não aprendem?

Fim da reprise de "Cisne negro" (parabéns a Sylbeth Soriano pelas legendas), entram no ar os comerciais. Da cozinha, escuto o anúncio de uma ótica, com a atriz Deborah Bloch, e a frase:

"(...) de longe e de perto, com o mesmo óculos."

Será que algum dia esse pessoal da publicidade aprende que a palavra é plural? Custa muito dar uma rápida olhada no dicionário (com BONS ÓCULOS), antes de pôr erro no ar?

Está lá para quem quiser ver, de longe ou de perto:

"s.m.pl. dispositivo usado para auxiliar, corrigir ou proteger a visão, que consiste em um par de lentes sustentadas em frente dos olhos por uma armação; lunetas etim pl. de óculo; ver olh-"