sábado, 29 de dezembro de 2012

Ganhe uma viagem e duas crianças

O que é o anúncio de uma viagem a Cancún, exibido várias vezes seguidas no AXN? Não dá nem para entender direito do que se trata, tal é o espanto com o texto e os apresentadores, que não têm a menor intimidade com a câmera.

Só deu para captar que as bebidas são "inclusas" (ô palavra horrorosa!) e os alimentos são "inclusas" (no feminino, o que já pressupõe uma baita indigestão).

Como se não bastasse a constante lembrança da dor provocada por dentes de siso inclusos (ou estes agora são "incluídos"?), os organizadores garantem:

"Incluimos duas crianças grátis!"

Este programa de inclusão deve ser perfeito para jovens casais interessados em fazer treinamento intensivo de paternidade.

Amor à tautologia

Não é só a revista Caras que insite no bordão. Até no documentário que celebra o 50º aniversário dos Rolling Stones, exibido pela HBO, ele dá o ar de sua "graça".

Em inglês, o repórter pergunta a um Charlie Watts ainda na casa dos 30 o que ele espera para a banda num "futuro próximo". Em português, diz a legenda, caindo no mais absoluto lugar-comum do pleonasmo:

"Quais são seus planos para o futuro?"

No momento em que a imensa maioria faz planos para o Ano Novo — e eu desejo a todos um feliz 2013 —, cabe questionar: há alguém por aí fazendo planos para 2011, 2010, 2001 ou 1990?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Oito ou oitenta

Mesmo sem ânimo para ler o jornal, devido ao calor, bati os olhos em pelo menos duas coisas estranhas no Globo de hoje, que me levaram a questionar: que ausência de imaginação é essa que faz um jornalista chamar de apagão a falta de produtos no mercado (e sem aspas ou outra sinalização do gênero) e que excesso de "criatividade" é esse que gera um título (delirante e sem sentido) como "Cirrose para amores sem moderação"? Este refere-se a filme roteirizado por Bukowski, mas acho que não seria endossado pelo escritor nem no maior dos seus porres.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Isso é que é surpresa!


A amiga jornalista enviou ontem a colaboração, mas os compromissos de fim de ano foram muitos — e a canícula carioca era tamanha que não dava ânimo nem de pensar.

Como pérolas não saem de moda, publico hoje o resultado da "pescaria" da quarta-feira de 50º, "realizada" no Globo Online. A matéria, como está destacado no e-mail, fala "da 'jovem' de 30 anos, que é musa de blocos de carnaval no Rio e lança agora um EP".

O texto, diz minha amiga, "corre fraquinho até chegar à magnífica e incompreensível (se a gente não fizer diversas ilações) frase":

"Algum tempo depois, foi surpreendida para gravar uma coletânea infantil com músicas em inglês que foi lançada no Japão."

Confesso que também fiquei surpresa com a estranha construção (afinal, nunca vi alguém ser surpreendido para alguma coisa) — mas não curiosa a ponto de catar o texto completo no site.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Aproveitando...

Já que estou com o blog aberto, aproveito para perguntar se eram assim tão necessários os seis caracteres de "possui" em subtítulo de matéria de educação do Globo, hoje, na editoria País. "Possuir 18 alunos" é forte, não? Chega a parecer coisa para as páginas policiais. E, graficamente falando, ia fazer muita diferença usar o bom e velho "ter"?

O samba do marciano doido

Dica do ET: pense antes de escrever
Deu a louca no autor da sinopse do filme "Cowboys & aliens", em cartaz na rede Telecine. Diz lá na TV:

"Ambientada no Velho Oeste, um solitário cowboy sem memória é a única esperança de um povoado no Arizona sobre a invasão de extraterrestres."

Como assim? O que ou quem é "ambientada"? O mocinho desmemoriado? Mas aí, além de continuar sem fazer sentido, não teria que ser usado o masculino? E a "esperança sobre"? Vem a ser o quê?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O 'status' do Facebook

"O que está acontecendo?", pergunta o Facebook a todo momento. O que está havendo com a rede social do Zuckerberg?, pergunto eu. Quem escreve seus textos em Português devia ter mais cuidado. Vejam o recadinho que acabo de encontrar lá:

"Com a chegada do fim do ano e ao continuarmos a aprimorar ferramentas como a busca, gostaríamos de lembrar você a rever quem pode visualizar suas coisas — incluindo fotos em que você foi marcada e as coisas que você ocultou da sua linha do tempo. Para ajudá-la a começar, adicionamos uma nova ferramenta de atalhos de privacidade à todas as páginas."

Para começar, o que a primeira ideia (fim de ano) tem a ver com a segunda ("ao continuarmos a aprimorar")? Aliás, dá para aprimorar esse texto? Ninguém fala uma coisa dessas!

E o que fizeram com o verbo "lembrar"? Alguém aí já "lembrou ao" seu passado alguma vez na vida? Aproveitem o embalo e tirem a horrorosa crase, que inexiste antes de "todas", OK? O idioma agradece.

Só pra não perder o embalo...

... o que são os "tons pastéis" que insistem em aparecer no Globo?

Até onde eu sei, pastéis têm sabor ou recheio (queijo, carne, camarão, bacalhau etc.). As cores são pastel, não variam, pois referem-se a um tipo de lápis e ao processo artístico (não comestível) feito com ele.

Isso é Comunicação?!?

Não é de admirar que a qualidade do dito "conteúdo" venha caindo drasticamente na minha profissão. Basta ver o exemplo encontrado por um dedicado mestre, ex-colega de redação, numa revista especializada (da Federação Nacional dos Professores de Jornalismo).

O título já é um espanto: "Amorcom e o ensino de Jornalismo. Produção de platôs de agenciamento de Espelhos, Desejos e Autopoiese". Abaixo, segue o resumo do trambolho subsequente, fornecido pela própria revista da FNPJ:

"O presente texto traz uma reflexão relativa a aspectos psicomunicacionais, no Ensino de Jornalismo e nas práticas profissionais da área. Decorre de experiência profissional jornalística e docente, de mais de 20 anos, e de pesquisa realizada na Universidade de (...), no Grupo de Estudos e Produção em Comunicação, Amorosidade e Autopoiese (AMORCOM!). A fundamentação teórica é transdisciplinar, complexa, sistêmica, envolvendo Jornalismo, Comunicação, Educação e Psicologia, em especial a Esquizoanálise. A produção da pesquisa é cartográfica (ROLNIK, 1989), qualitativa, de orientação pela Metodologia da Sensibilidade e da Paixão-Pesquisa (BAPTISTA, 2000). Sinaliza para o fato de que a valorização do Jornalismo e da formação profissional da área passa pela afetiv(ação) de amorosidade, espelhamento, desejo e autopoiese." (sic)

Juro que todo esse palavrório está lá (só retirei o nome da universidade). Se alguém conseguir traduzir e me explicar para que serve esse magnífico exemplar do que se pratica no mundo acadêmico da nossa incrível República Federativa do Bobajal, agradeço. 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Entre sem bater

Os colegas estão entrando de sola no pobre Português, que vem sofrendo vários nocautes por dia. Há pouco, um amigo me mandou por e-mail o horror abaixo, encontrado no site de notícias Alerta Total:

"Exclusivo – O Ministério Público Federal teria acesso a filmagens feitas em Nova York, registrando os passeios entre o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua amiga Rosemary Nóvoa Noronha."

Passeios "entre" um e outro?!? É alguma modalidade sexual que não consta nem do Kama Sutra?!? Já não bastam todos os outros tipos de sacanagem que eles praticaram e a mulher ainda ter o mesmo sobrenome que eu?!? (não é parente, vou logo avisando!)

Aproveito o pedido do título — entre sem bater (no nosso idioma) — para falar de outras contribuições, recebidas pelo Facebook. Neste, uma amiga encontra com frequência "abilita", sem o "h", e "bolsas" com um novo acessório: o "ç". Isso mesmo: tem gente vendendo "bolças" na internet! Você compraria?

Outro amigo, ex-colega de redação, descobriu que há muita gente misturando "mau" e "mal". Ele cita exemplos pinçados do canal Investigação Discovery (um campeão em bobagens!) e da internet — e eu vou tentar explicar um truque para não errar, fácil de gravar até por crianças. Afinal, nas histórias infantis, é comum a luta entre o bem e o mal, certo? E quem vence, geralmente: o personagem bom ou o personagem mau?

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sem (mais) palavras


A amiga, que é atriz e artista plástica, passou o dia na rua e chegou com esta foto aí ao lado, tirada numa agência dos Correios, acreditem.

Alguém pode me explicar o que diabos o governo, ao qual pertence a empresa, quer dizer com isso aí?

Minha amiga encarnou o colega Ancelmo Gois e resumiu assim o linguajar de nossas Otoridades: "Hipossuficiência econômica é o cacete" — e ponto de exclamação!

Acho que estamos, eu e ela, com crise aguda de hipossuficiência de paciência!

sábado, 15 de dezembro de 2012

Merece investigação

Não acreditei quando vi o que fizeram com um canal que passava alguns seriados interessantes, mas foi reformulado e batizado de Investigação Discovery.

Programei a TV para gravar um episódio de "Hawaii 5-0", acionei o resultado há pouco e... quase caio do sofá. Nos intervalos, como se não bastasse a enxurrada de chamadas de ridículos programas estadunidenses sobre "crimes reais" (depois não entendem de onde aquele povo tira ideia pra sair matando), a quantidade de erros de Português escritos e falados é absurda.

Nas dublagens pavorosas de umas filmagens idem (de tentativas de assalto, por exemplo), escutam-se coisas como "(xxx) tiros foram soltados", "eu peguei a arma para desmaiá-lo" e por aí vai o ID, enquanto eu pulo para outra emissora qualquer.

Para as próximas dublagens (às quais não deverei assistir), que tal fazer opções mais seguras, do gênero "tiros disparados", tentativa de "desacordá-lo ou tonteá-lo ou fazê-lo perder os sentidos" e outras adequadas à escabrosa programação? Será isso parte do pacote que a presidente votou para termos na televisão paga?

PS: pelo menos a série tinha som original e legendas e aquela ótima música de abertura da primeira versão, aquela dos anos 70.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Parece que bebem!


Chego à página de Ciências do Globo e descubro que o alcoolismo "é o maior fator de risco de morte, segundo estudo".

Eu diria que esses "estudiosos" ou bebem muito ou não entendem nada do assunto, pois o maior fator de risco de morte é estar vivo, Simples, não?

Loucura típica de verão

A nota da coluna Gente Boa abre assim:

"Típica de dezembro, quando há muito eventos na cidade, a concorrida noite de quarta-feira levou (Fulano) e (Beltrana) ao Parque Lage, na festa de um ano da (...)".

Peraí. A quarta-feira é típica deste mês? Ou as noites desse dia da semana só ficam concorridas em dezembro? Porque o primeiro aniversário do que quer que seja está longe de merecer o titulo de "típico" de qualquer ocasião, concordam? A culpa deve ser do calorão carioca, capaz de derreter os neurônios.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Novas notas fora do tom

Devido à habitual correria de fim de ano, tenho lido o jornal mal e porcamente. Com isso, deixei passar preciosidades, tenho certeza. No entanto, duas atentas amigas jornalistas (e ex-colegas de redação) colaboraram, enviando pérolas encontradas recentemente no Globo (que todas insistimos em assinar).

Uma já não se lembra se foi no jornal de bairros ou outro suplemento que achou um (ui!) "piano de calda", certamente carameladíssimo e proibido para diabéticos.

A outra leu ("talvez anteontem") que alguém tomou alguma providência para "salvar o próprio coro". Ela considera o erro "de arrancar a pele". Eu quero crer que o redator, inspirado mais pelo Natal do que pelo carnaval, quando "o couro come", achou que o sujeito queria ressuscitar as apresentações dos corais nesta época festiva, quem sabe?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Revista 'do mau'

Hoje tive a rara oportunidade de folhear vários exemplares de Caras, "o" veículo da República Federativa do Bobajal, em que imperam o mau Português, a falta de matérias de verdade e o excesso de coisas como merchandising, gente (famosa ou não) "botocada" e modismos — entre eles campanhas, festas e desfiles "do bem" (o que será, por exemplo, um "desfile do mal"?, perguntei-me algumas vezes. Talvez, para puritanos, o da Victoria Secret?).

Outro modismo insuportável é ninguém ter família, marido, mulher, filhos ou namorada(o) na revista. Só existem "clãs", "herdeiros" e "eleitos", um espanto! Ao mesmo tempo em que me sentia vivendo nas Highlands e numa monarquia, imaginava quantas eleições teriam havido por aí para qualquer carguinho de nada, já que o(a) "eleito(a)", como observei, pode ser um "pequete" (ou "ficante"), como também é moda hoje em dia.

No quesito "Português de doer e delírios variados", os exemplos são muitos. Destaco alguns:

  • "Fulana antes foi namorada dos roqueiros Beltrano e Sicrano. Já seu primogênito é fruto do relacionamento com (...)". Já?!? Qual é o sentido disso?!?
  • "Ator envolvido em polêmica". Alguém se deu ao trabalho de ler o significado da palavra? Porque o texto dizia apenas que o cara tinha batido levemente num carro. Cadê a controvérsia?
  • Além de continuarem fazendo "planos para o futuro", os entrevistados da publicação agora estão, muitas vezes, "em crescente ascensão". Acho que, se fosse decrescente, se chamaria decadência, ou estou enganada?
  • No mesmo exemplar no qual se lê esta joia rara em texto-legenda — "A atriz (casada com sei-lá-quem) e Fulano, garoto adotado por ela em 2001, a quem ele assumiu" —, ressuscitaram "os filhos de Irineu Marinho", que teriam comparecido ao lançamento da biografia do fundador do Globo. Obviamente, a livraria não promoveu uma sessão espírita: estavam lá os netos do jornalista, estes sim herdeiros de um império, construído por Roberto Marinho.
Ainda bem que eu vi todas essas besteiras e muitas mais só fazendo hora no salão. Não daria um centavo por esse trem nota zero.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Os desafinados da Agência Brasil

Amigo jornalista me envia, por e-mail, dois títulos do veículo governamental citado no título acima. Seguem as pérolas pescadas na capital federal, disponíveis para todo o país via on-line:

"Coral de 300 crianças cantam músicas natalinas na Rodoviária do Plano Piloto" e

"Corpo do arquiteto Oscar Niemeyer embarca no Rio de Janeiro com destino à Brasília, onde será velado no Palácio do Planalto".
 
Melhor nos unirmos numa só voz para pedir a Brasília que acerte o tom — e a crase e a concordância —  para o idioma chegar direitinho ao seu destino, sem ferir os olhos e ouvidos do povo brasileiro.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Jack, o 'extirpador'

Fui inspirada pela matéria do caderno Boa Viagem desta semana, que falou um tiquinho da revitalização do East End londrino e, indecisa, tratou Jack The Ripper ora como personagem real, ora como lenda, e ainda me saiu com esta para arrematar:

"Mas, ainda sim, quem quiser conhecer a história do estripador e fazer um passeio com um pouco mais de suspense e se aventurar pelo Jack The Ripper Tour." E ponto final! Juro!

Além de terem passado a faca no "assim", pobrezinho, esqueceram-se de que frases precisam fazer sentido (e o mau exemplo vem sendo seguido, entre outros, pelo Ela — como se pode comprovar em reportagem com o ator Helmut Berger).

Pelo visto, agora vale o estilo sem pé nem cabeça. Aquela coisa antiga de começo, meio e fim (ou sujeito, predicado etc.) está indo pra mesma vala que palavras como "causa" (substuída sem dó nem piedade por "conta") e o verbo "continuar" (já repararam que ninguém mais "continua" internado, em tratamento etc.? Agora, todo mundo "segue" nessa ou naquela situação — e as ovelhinhas da minha profissão vão atrás).

sábado, 8 de dezembro de 2012

De dar insônia e rugas

Bem feito pra mim! Quem mandou passar no Facebook antes de ir dormir? Já ia fechando o programa quando dei de cara com esse... Trem? Trambolho? Nem sei como definir esse "primor" de texto "publicitário":

"Mãe revela o tratamento das rugas inteligente que está fazendo os médicos do botox furioso."

Agora vou ter pesadelos com "rugas inteligente" e "médicos furioso" sem sentido e sem concordância, correndo atrás de mim com um botox igualmente furioso e uma mãe alucinada (que não é a minha, disso tenho certeza!). "American Horror Story — Asylum" perde. Socorro!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O textão do Gatão

Gosto muito do humor do Miguel Paiva, mas confesso que prefiro os cartuns com textos curtinhos. Nos longos, como este de hoje, acabo encontrando coisas que poderiam estar mais bem escritas.

Vai dizer que esta frase não fica melhor deste jeito: "(...) a casa à beira-mar que ganhou de uma imobiliária"?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sujeito perdido

A desatenção rola solta no Globo. Hoje, novamente na coluna Controle Remoto (pela qual costumo passar os olhos depois das cada vez piores Diretas da Coquetel), empaquei na primeira linha da nota "Nepal 1":

"Amora Mautner, Ricardo Waddington e parte da equipe de 'O pequeno Buda' que foi ao Nepal já está no Rio."

Peraí, deixa eu ver se entendi. Parte da equipe já está no Rio. E a Amora e o Ricardo? Onde estão? Quem é, afinal, o sujeito da frase?

PS: Logo abaixo da coluna, os títulos lisérgicos da seção que traz uns quatro filmes do dia, pelo visto, tomaram jeito e "se aprumaram". O autor delirante deve ter migrado para o online, a julgar pela colaboração enviada ontem por uma amiga jornalista:

"Morando (...)  no Humaitá, Laura é pressionada pela proprietária, que já expressou um desejo incontrolável de aumentar o aluguel."

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cadê a atenção?

Ficou estranha a frase "Ela foi chamada a atenção", na coluna Controle Remoto de hoje. Afinal, quando a palavra tem esse sentido, não se diz que "alguém chamou a atenção de Fulano"?

A atriz em questão até podia ter sido chamada para levar uma bronca. Do jeito que está, não faz sentido. Vejam o que diz o Houaiss:

"chamar a atenção de: fazer advertência; repreender, advertir, admoestar <a mãe chamou a a. do filho para que parasse de brigar>"

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vai para o trono ou não vai?

Grande amiga jornalista e escritora de mão cheia me manda a seguinte contribuição:

"(...) O príncipe William e Kate Middleton se casaram em abril de 2011, sendo o primeiro filho do príncipe Charles a ter uma relação matrimonial. Caso seja menino, o bebê será o terceiro na linha de sucessão presidencial, atrás de William e Charles." (Folha de São Paulo, 15h, 3/12)

Veio com comentário, claro: "(...) Olha bem que loucura. Sucessão presidencial, atrás do pai e do avô. E o que é relação matrimonial?"

Minha amiga diz que "o pessoal parece que bebe". Eu acho que, somando ao que estão fazendo com a rainha (vide nota abaixo), só pode ser implicância com a família real britânica (ou com a monarquia em geral).

Last but not least, alguém também sabe explicar o significado de "sendo o primeiro filho do príncipe (...)"? Quem é o sujeito desta coisa mal construída? William e Kate? Vai pra trono pelo conjunto da obra!

domingo, 2 de dezembro de 2012

As joias da coroa

A rainha da Inglaterra festejou jubileu de diamante no trono e ganhou trilogia de Andrew Marr, "The diamond queen", aqui traduzida como "A real Elizabeth". Atracada com o primeiro livro, que ganhou no (recente) aniversário, a amiga jornalista, craque tanto no idioma pátrio quanto na língua dos britânicos, se diz encantada com a história, mas irada com a tradução.

Entre outras falhas, ela destaca os "2.500 hóspedes" que teriam sido recebidos pelo pai da protagonista — eram 2.500 convidados ("guests"), claro — e a quantidade absurda de militares no Reino Unido, uma vez que há "oficiais" em todo canto na biografia, inclusive, em certa época, indo tomar chá de chapéu-coco e ternos listrados. Com tal "uniforme", não foi difícil matar a charada: os incontáveis "oficiais" do(s) tradutor(es) são nada mais, nada menos que "the officials", ou seja, "os funcionários".

Acho que, em vez do planejado colar, vou fazer uma coroa de pérolas.

Você concorda?

Em conversa com uma amiga jornalista, ao telefone, ela me conta da pérola que pescou quarta-feira, no "Hoje" (estava anotadinha na agenda, esperando a chance de ser passada pra mim):

"(...) O comunicado que os dirigentes da CBF fizeram a ele, ontem, o deixaram especialmente feliz."

Gente, o que é isso? Os dirigentes fizeram, certíssimo. Mas o comunicado o deixaram?!? Nananinanão!

Reflexionar é preciso

Ler a (ótima) coluna do colega João Ubaldo Ribeiro me fez refletir em muitos temas, em campos diversos.

Um deles foi a ocasião em que ouvi (num passado não tão distante quanto eu gostaria) alguém defender uma pessoa execrável com a definição: "Mas ela (a pessoa) é honesta!" — o que muito me espantou, pois acreditava que honestidade era qualidade intrínseca ao ser humano e que sua existência era regra, não exceção. Santa ingenuidade, Batman!

Outro, entre vários, foi o que muitos devem considerar banal, ou até mesmo ultrapassado: o prazer de ler um texto com todos os pronomes e preposições em seus devidos lugares. Além do tal "conteúdo" — hoje na moda —, dá gosto ver coisas que andam rareando, tais como: "no que exercem direito", "que se eximam", "em que incorreram", "que se revelaram", "a que já nem prestamos atenção", "em que se deixaram"...

A quem se sentir incomodado com a ênfase nos verbos reflexivos e pronominais, explico: seu mau uso anda incomodando muito mais (os amigos colaboradores volta e meia retornam ao assunto em seus e-mails).

Hoje mesmo, em simpática materinha com a grande Fernanda Montenegro, encontrei o deslize em "a situação complica". Alguém me explica o que foi complicado pela situação? A resposta é: nada! A situação fica mais complicada, é passiva, não provoca qualquer ação. Ou seja, ela se complica. Deu para entender?

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Mais atenção, pessoal

Folheio o jornal de bairros de ontem e, logo na capa, encontro a chamada:

"Brechós têm de vasos raros roupas e sapatos seminovos".

Evidentemente, a preposição "caiu no elevador", a caminho da oficina.

E o que dizer desse discurso da presidente, publicado hoje?

"É uma tristeza dupla o país ter gente vivendo na pobreza absoluta e essa pobreza, ainda por cima, se concentrar mais fortemente nas crianças e nos jovens. Essa é a razão do Brasil Carinhoso."

Confesso que me passou pela cabeça chamar a Madame Natasha, aquela do Elio Gaspari. Ou este é um caso para Eremildo, o idiota?

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Capotagem feia!

Outro amigo (e colega jornalista) me passou e-mail há vários dias (minhas desculpas pra ele também!), reclamando do "uso impróprio da preposição 'durante' nos relatos dos repórteres".

Ele dá um  exemplo: "(Fulana) morreu durante o capotamento do carro." E questiona: "Durante o capotamento? A gente diz apenas que a mulher morreu no capotamento; ou depois de ser socorrida; ou no hospital, após (...). Acho que é mais uma das chupações do inglês. Veja este texto que li hoje: 'The driver of the truck was not injured during the accident'."

Pois é. Ao contrário do que muita gente acreditava, nem tudo o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, especialmente no idioma. É só ver o desastre dos mal traduzidos manuais de telemarketing, com seus "vamos estar fazendo isso", "vamos estar providenciando aquilo", que têm voltado com força total aos atendimentos ao consumidor. Argh!

Depois do 'por conta', o 'por meio'

Um amigo me escreveu no início da semana (desculpe a demora!), falando do excesso de "por meio" em matéria da Folha online.

Acho que o novo "fenômeno jornalístico" se dá por causa do medo de errar. Explico: o "por causa" está dando lugar ao "por conta" numa rapidez astronômica por puro modismo; já o "por meio", acredito, começa a ser usado com frequência cada vez maior porque os colegas ouviram dizer que não se deve apelar para o "através" em qualquer ocasião, já que ele significa "por dentro de; pelo interior de". Mas a expressão é mais do que isso, tá, pessoal? É só dar uma procuradinha no dicionário para constatar. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Mais uma de doer

Amiga tradutora, formada em Letras, escreve: "Você sabe que tem problemas quando, esperando na fila do caixa de um Hortifruti, saca uma caneta da bolsa, corrige o aviso que diz 'Grata pela compreenção' e ainda acha uma pena não ter dado pra fazer o mesmo nos outros dez caixas."

Alô, alô, pessoal! Uma rede do porte do Hortifruti tem que tomar cuidado não só com os legumes e frutas, mas também com o Português que oferece à clientela. Grata pela compreensão

Qual será a causa?

Há coisas que, mesmo corretas, incomodam a vista. Como este título do caderno de esportes do Globo:

"Em razão da crise, espaço se abre para os jovens."

Juntamente com o excesso de "por conta" que vejo e ouço atualmente, ele me faz pensar no que estaria motivando a ojeriza pela boa e velha causa.

As pessoas — especialmente os colegas jornalistas — parecem temer o uso da palavra — especialmente na expressão "por causa", antes corriqueira. Algum psicólogo, antropólogo, sociólogo ou estilista pode me explicar esse fenômeno, antes que ele acabe em banimento?

sábado, 24 de novembro de 2012

Português de fachada no Bobajal

Gente, eu passei batido por essa reportagem, mas ela não escapou dos olhos atentos da amiga jornalista, que me enviou a seguinte mensagem:

"(...) não sei se é para rir ou chorar: você viu na pág. 20 do Globo de hoje a matéria 'Desmantelada quadrilha de estelionatários'? Ela informa que 'o grupo atuou usando o nome de dez empresas diferentes, todas de faixada'. Devem ser empresas com a parede frontal coberta de faixas..."

Única resposta cabível: "Ui, essa doeu! E vai pro blog, claro. Obrigada"

Use, mas não abuse

Já me alertando para a falha na menção ao filme "E se vivêssemos todos juntos?" (faltou o acento em "vivêssemos"), minha irmã me sugeriu ler a matéria com a Jane Fonda, no Ela — e lá fui eu.

Ia tudo bem até que... dou de cara com o primeiro casamento da atriz, com o diretor francês Roger Vadim, "que lhe deu a filha Vanessa, produtora de cinema, além de dois netos".

Como assim?!? O Vadim deu-lhe os netos "por tabela" ou abusou da filha? É mais fácil terem, como de hábito, abusado do idioma. Recomenda-se tratá-lo como álcool, adotando o slogan "use com moderação".

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

De volta ao Bobajal

Depois de alguns dias de reviravolta no escritório, testando novas soluções e instalações para (como gostam os "marketingueiros") otimizar o pequeno espaço, volto a dar atenção ao idioma da República Federativa do Bobajal e ao computador — este, tadinho, ainda mudo (rendo-me às limitações da minha capacidade para mexer com eletroeletrônicos; para este aparelho de som cheio de fios fininhos, preciso de ajuda profissional). Voltando ao que interessa, vários e-mails me esperavam aqui.

Um amigo me escreveu de Maceió, onde conheceu o "simpático Palato", restaurante que anuncia chef cordon bleu, mas, no pequeno totem em cima da mesa, comete erros em Português e Francês — tem até um "Bon appetitti", "inexistente em qualquer língua".

Já uma querida amiga reclama das invencionices do momento, tais como usar "no" longo prazo (ou curto, ou médio, ao gosto do freguês), no lugar do tradicional (e sonoramente mais agradável) "a" longo prazo (ou curto etc.); e dizer que se "fez" uma decisão, em vez de tomá-la (será essa gente abstêmia de determinação?).

Bom, vem mais coisa por aí. Agora, vou tentar compreender o que gerou a seguinte chamada de capa do Segundo Caderno de hoje:

"Herbert dedicado à mulher, novo CD traz velhas canções."

Se alguém entendeu, pode mandar a explicação que eu agradeço.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Alguma coisa está fora da ordem


Deixa eu ver se entendi bem. Na matéria de capa do Segundo Caderno, a repórter diz que um cineasta mineiro, "fora uma temporada em Londres, (...) nunca saiu de Belo Horizonte". No entanto, alguns parágrafos depois, o texto informa que ele "foi, de férias, a Berlim".

Não, definitivamente, não dá para entender.

Qual é o nome?

Pego matéria do "RJ" em andamento e me interesso, pois mostra sérios problemas de consevação em um túnel. Como sou vizinha de um precaríssimo, o Velho (ou Alaor Prata), onde começa até a surgir uma cracolândia (e a gente sabe que isso cresce com uma rapidez assustadora), apuro olhos e ouvidos.

Sem chance! Repórter e apresentadora falam, falam... e não dão o nome do bendito lugar de jeito algum! Não é regrinha básica do jornalismo de rádio e TV (que ainda pode usar legenda) repetir o nome do foco da notícia, para quem a pega já começada, como eu? Boiei legal!

domingo, 18 de novembro de 2012

Filhote de PC só pode ser TB

Da ridícula praga do "Politicamente Correto" não podia nascer outra coisa que não fosse uma "Tremenda Bobagem". De que outra forma alguém explica essa novidade do Segundo Caderno, a "produção afrodescente"? Alguém viu a certidão de nascimento e conferiu a árvore genealógica da "moça"?

Reunião relâmpago

Amigo e colega de profissão me manda a seguinte pérola (o colar já está com várias voltas, obrigada!), encontrada no caderno Amanhã, publicado às terças-feiras no Globo:

"Ponto de encontro reúne 500 milhões de animais no Lago do Hula, que passam em sua rota de fuga (...)"

Se os bichos estão em fuga, deve ser um encontro brevíssimo, não?

Fato histórico?!?

Da série "Perguntar não ofende": o que tem na cabeça uma pessoa que põe no mesmo patamar o fim da Segunda Guerra Mundial, as bombas de Hisroshima e Nagasaki, o AI-5, a chegada do homem à Lua e... o nascimento da filha da Xuxa!?!

PS: a pérola está na revista dominical citada abaixo, em matéria intitulada "Daqui eu não saio".

Moda que empobrece

Numa rápida passada de olhos pela revista dominical do Globo, é fácil perceber o quanto andam empobrecidos nosso jornalismo e nosso vocabulário.

Encontra-se rápido exemplo em dois modismos que já encheram as medidas, mas que os colegas insistem em usar: famílias sendo chamadas de clãs (ao "melhor" estilo Caras) e a troca do verbo "focalizar" por "focar" — é tanto "foca isso", "foca aquilo", que chego a imaginar as redações transformadas em circos, cheios de foquinhas amestradas a bater nos teclados.

sábado, 17 de novembro de 2012

Cravo de acrílico e vinil

Continuo "por conta" por causa do excesso de "por conta" usado pelos colegas (ontem mesmo mencionei o assunto) e desafio o leitor mais paciente a contar quantas vezes a bendita palavra aparece numa reportagem com a Penélope Cruz, publicada no Ela. Mas acabei de voltar pra casa, depois de me fartar de camarão, e estou num estado de espírito muito bom para desperdiçá-lo com o tema, que já provoca certa irritação.

Então, prefiro comentar uma notinha do Ancelmo que tinha deixado aqui separada, antes de sair, e que diz o seguinte:

"Roberto de Regina, (...) a quem se atribui a construção do primeiro cravo no país, com 26 discos e cinco DVDs (...)".

Sempre achei o cravista o máximo. Agora, o considero um espanto, por ter conseguido fazer o belo instrumento com material tão inadequado.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

'Esforço de reportagem'

 
Ou os colegas andam lendo pouco, ou estão com preguiça de escrever e rever o resultado antes da publicação, ou sofrem do problema que foi tema da coluna do Arthur Dapieve nesta sexta-feira "enforcada".

Um exemplo fresquinho é a matéria de capa do Segundo Caderno, em que a primeira fala do entrevistado foi traduzida com evidente descuido. É tanto "hoje" e "nos dias de hoje" que dá a impressão de que o texto tem um inexplicável eco (uma boa dica para perceber essas coisas é ler "em voz alta" — que não precisa ser ouvida na redação — o que se escreveu).

Falando em hoje, no telejornal que leva este nome o "eco" acontece na expressão "por conta". Só o apresentador parece se lembrar da existência da "causa" (e do consequente "por causa", claro). Viva ele!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Custava inverter?

Vejo que alguns pedaços do jornal de ontem ficaram aqui esquecidos e pego a matéria intitulada "Viúvas de mortos na ditadura contestam laudos oficiais". A primeira frase já é um desestímulo à leitura:

"A viúva de Luís Eurico Tejera Lisboa, morto pela ditadura em 1972, Suzana Lisboa, vai (...)."

Dava muito trabalho reler essa coisa confusa e botar o nome da mulher lá no início do texto?

Quando o bar cuida da casa

Achei que tinha lido mal o texto curtinho intitulado "12º jogador", na coluna do Ancelmo, e li outra vez. Estava mesmo lá a frase:

"(...) farão homenagem a (...), dono do Bar (...), que funcionava no campo e acumulava a função de caseiro há mais de quatro décadas."

Mil perdões, a nota é fúnebre, mas nunca tinha ouvido falar num bar que serve comes e bebes e ainda cuida da casa (?!). E, se a intenção era ter o homenageado como sujeito da sentença, também não ficaria estranho dizer que ele "funcionava no campo"?

Títulos pela metade

O Globo elevou a cobrança mensal da assinatura, mas vende informação pela metade (não do preço, é claro). A nova mania do jornal é não dar o nome e o sobrenome da pessoa em torno da qual gira a matéria (geralmente grande), nem no titulo, nem no subtítulo.

Hoje, na reportagem de capa do Segundo Caderno, fala-se de Andrea, simplesmente, sem explicar que se trata da Beltrão (a informação só vai aparecer no segundo parágrafo do texto). E já vi casos piores no mesmo suplemento e no caderno de esportes, entre outros. Perderam aquela aulinha básica de Jornalismo, de informar de cara para o público "quem", "o quê", "quando", "onde", "como" e "por quê"?

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O gênio e a bela

Estou bem, hein? Passei rapidamente os olhos por uma foto da Mariana Ximenes publicada ontem no Globo e vi o Mathew Gray Gubler, que vive o geniozinho de "Criminal Minds".

E viva o sebo!

Só agora li a matéria de ontem que falava dos sebos, instituição da qual sou fã ardorosa e frequentadora assídua.

Apesar de alguns tropeços — entre eles, "lugares como a livraria e que hoje funciona" e "atrair com outros atrativos" —, fiquei feliz de ver que os buquinistas do Centro resistem bravamente.

O tema merecia até "suíte" com o pessoal da Zona Sul, onde imperam nomes criativos — até hoje não me conformei com o fechamento da loja copacabanense Gracilianos do Ramo, um achado.

Assim pega mal

Em nota da coluna do Ancelmo, um texto reproduz fala do ator Lázaro Ramos a respeito da reeleição de Obama. E  começa assim:

"Acho que se ele tivesse pego os EUA (...)".

Como todos os verbos com duas formas de particípio — uma longa (regular) e outra curta (irregular) — "pegar" exige o uso de auxiliares diferentes para elas: a primeira "anda" com ter e haver; a segunda, com ser e estar. Segue um exemplo:

"Depois de ter pegado a bolsa da mulher, Fulano foi pego em flagrante."

PS: cabe ao redator fazer a correção do coloquial para a norma culta.

Escorregão no saibro

Mais enrolada que a contagem de pontos no tênis é a abertura da matéria do Globo, hoje, a respeito do esperado confronto dos craques Djokovic e Federer. Não deu pra passar do terceiro parágrafo, tal a confusão.

Só para se ter uma ideia, no meio (do início) da história, aparece um "mais tarde, o suíço Roger Federer derrotou o escocês Andy Murray por (...)". Na linha seguinte, diz-se que "no sábado, o argentino (del Potro) havia superado outro gigante, Roger Federer, ainda na primeira fase (...)".

Se o jornalismo fosse o belo esporte, dava para dizer que o autor cometeu "abuso de equipamento" — o que é facilmente evitável com uma simples leitura do texto antes de sua publicação.