sábado, 31 de agosto de 2013

Uma luz no Português, por favor!

O que está havendo com os principais canais de filmes das TVs por assinatura?

Será que até a HBO HD e o Telecine Premium desistiram de pagar empresas especializadas em legendas e andam apelando para tradutores automáticos?

No primeiro canal, encontrei (no início do filme "The entitled") um baita "maus-tratos À animais", destacado em maiúscula.

Um conselho? Pense na crase como um remédio: se não souber do que se trata, para que serve e como usar, jogue fora. É menos arriscado.

No segundo, em "Missão Impossível — Protocolo Fantasma", que eu tinha gravado, quase caí do sofá, às gargalhadas, ao ouvir o Tom Cruise dizer "Throw me a light" e ler na tela a "frase", curta e grossa: ISQUEIRO.

Será que jogaram um bem pesado na cabeça do "legendador"?

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O que virá depois?

Ouvi no "Hoje" um trechinho da coletiva do prefeito de São Paulo sobre o desabamento na Zona Leste da cidade, mas achei que tinha entendido mal.

Pois catei no G1 e confirmei. Ele disse:

O que nós poderemos fazer a partir de agora é chamar as pessoas para esclarecer o que aconteceu e apurar as responsabilidades. Esses acontecimentos: a multa e o embargo ok. Agora por que não deu consequência a isso, tendo dito que daria por que se exonerou no dia 4 de abril sem que depois disso isso tenha tido o seu curso normal?” (sic)

Acho que, no meio da embromação (comum nos discursos de nossos políticos), ele queria questionar (?!) por que não deram "sequência".

Sim, porque a "consequência" a gente sabe qual foi: dez mortos e vinte e tantos feridos.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A escolha certa

Postagens engraçadinhas no Facebook são um bom termômetro do Português que andam ensinando por aí.

Às vezes desisto até de curtir, porque acho esquisito ter um blog que defende o idioma da República Federativa do Bobajal e pôr meu polegarzinho pra cima num texto com erros.

Agora mesmo, encontrei bom exemplo na página de uma amiga.


Sinto muito, mas a princesa da piadinha está duplamente equivocada.

Ela pode até escolher quem não está "a fim" dela (assim, bem separado, por favor). Se o príncipe for "AFIM", não sei, não...

Perguntar não ofende


O que diabos significa a última notinha do cantinho Zona Franca, na coluna de hoje do Ancelmo?

Diz lá:

"ResolveAí irá lançar totem digital de gerenciamento táxis, na Bienal." (sic)

Pois eu "irei lançar" o desafio: alguém me explica?

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Que idioma é esse?

Definitivamente, o melhor a fazer durante os intervalos comerciais do E! é apertar a tecla de acelerar a imagem.

Primeiro, porque só mesmo o "Fashion Police" e o "jeitinho Dercy" de sua apresentadora parecem prestar na programação.

Depois, porque, do contrário, a gente dá de cara com o trambolho mencionado na nota anterior e com legendas incompreensíveis como esta:

"Eu me refiro que isso é muito bom."

Bom mesmo é contratar um profissional competente em vez de usar tradutor automático (e burro).

Pense antes de escrever

Começo a ver umas bobaginhas que deixei gravando aqui enquanto ia a Madalena e, logo no primeiro intervalo do "Fashion Police", ouço a chamada de outro programa do canal E!.

A imagem dos apresentadores vem acompanhada do texto:

"(...) eles conectam você às primeiras novidades que você não vai ver em outro lugar!"

Hã? Você vocêPrimeiras novidades inéditas exclusivas?!?

Texto inaceitável

Tente esquecer o preconceito da tal jornalista do Rio Grande do Norte em seu post no Facebook e responda: como pode uma profissional que, supostamente, vive das Letras escrever como se não tivesse cursado sequer o Primário? 

Onde foram parar os acentos, a pontuação, o Português em geral?

Nunca soube que era preciso ter "uma cara" específica para exercer qualquer profissão, seja de médico, doméstica, ou outra à sua escolha. Mas desde sempre jornalista que desconhece o próprio idioma é duro de engolir!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Navais de todas as Armas

O pessoal da CBN é incansável. A tarde vem caindo e a turma da reportagem continua a todo vapor.

Agorinha mesmo, produziu mais essa:

"A presidente Dilma quer apurar como se deu a participação dos dois fuzileiros navais da Marinha no episódio da fuga do senador boliviano."

Meu amigo não perdoa:

"Tem de apurar também se houve participação de fuzileiros navais da Aeronáutica e do Exército. Acho eu." Assino embaixo.

Acontece há séculos...

Outra pérola do dia foi pescada na página 2 do Globo (que me desculpe o Agamenon Mendes Pedreira).

Na coluninha feita para louvar os feitos da reportagem, como bem define um colega, encontra-se a informação:

"O jornalista (Fulano de Tal) mora há mais de 43 anos em Santa Teresa."

Diz meu amigo:

"Se o repórter escrevesse assim no JB, o Zé Silveira chamava o cara e perguntava: 'Não seriam 44 anos? Mais de 43 é 44. Ou não?' Geralmente, o interlocutor não entendia."

Agora, pelo visto, não só não entendem como não têm quem lhes explique. Por isso, vou tentar ajudar: reserve o "há mais de" para saltos no tempo grandes e imprecisos, tais como "há mais de uma década", "há mais de um século"... Sentiram a diferença?

Vizinhança negociada

Fui à FLIM (Festa Literária de Madalena), voltei feliz e sem notícias do Brasil e do mundo. Mas a República Federativa do Bobajal não para e os amigos já começam a me pôr a par das últimas.

A primeira chegou cedinho e foi ouvida na CBN, em que uma repórter de Brasília saiu-se com essa:

"(...) A polícia fez uma busca NAS INTERMEDIAÇÕES do local do assalto e conseguiu prender os bandidos."

Meu querido colaborador acredita que deve ter havido intensa negociação para acertarem a locação do crime. Só pode ter sido.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Mande-o para aquele lugar

Gostaria de saber se o Facebook contrata "localizers", se pede a qualquer pessoa de qualquer área que traduza seus textos, ou, pior ainda, se apela mesmo para o tradutor do Google ou similar.

Se precisarem de indicação, conheço ótimas tradutoras de produtos de internet, acostumadas a trabalhar com Microsoft, Oracle, Linux etc.

O site (ou rede social, como quiserem) foi lançado em 2004 e explodiu no Brasil em 2010, 2011, desbancando o Orkut.

Mas até hoje exibe velhos horrores — como "Conhece Fulana? MANDE-A uma mensagem". Argh!!! — e inventa outros — como "UMA link".

Sem contar que todos os homens são solteiras, casadas ou viúvas, assim mesmo, no feminino.

Até quando, Facebook?

Em tempo: se quiser, mande-me uma mensagem; antes, porém, mande o mau Português pra outro lugar.

domingo, 18 de agosto de 2013

Canal cheio de 'permissividade'

Acabei de ver "Seita mortal", em que o Kevin Smith pesou a mão e não deixou espaço para o habitual humor.

Do Telecine Premium, de onde gravei, só uma reclamação e um toque.

A primeira é: parem com essa mania de esconder os créditos dos filmes com chamadas das próximas atrações. Ô chatice!

O segundo é: atenção, "permissível" não tem o mesmo sentido de "permissivo", OK?

O pastor vivido por Michael Parks (obrigada, IMDb) condena as pessoas permissivas, não PERMISSÍVEIS.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Isso é que é livro inteligente

Em busca do bom humor perdido, eis que bato o olho numa nota sensacional na coluna do Ancelmo.

De cara, parece banal: trata do lançamento de "Histórias que os bichos gostam de contar".

O melhor vem depois:

"O livro foi escrito para estudar com sua filha."

Uau! Nem na mais delirante ficção científica eu tinha visto livro dando cria.
Mas, taí, gostei da ideia! Já maginou que legal uma biblioteca com famílias inteiras estudando juntas?

PS: a César o que é de César. A ilustração é de Jonathan Wolstenholme.

domingo, 11 de agosto de 2013

Permitir alguma coisa a alguém

Eu falava dos temas recentemente discutidos aqui, em que o mau uso da regência é recorrente, e hoje dei de cara com mais um.

Não costumo ler a seção Nostalgia da Revista da TV (aliás, quase não há mais nada que me atraia no suplemento), mas hoje encontrei lá duas pessoas queridas: Ruth de Souza e Jorge Coutinho, que tive o prazer de conhecer.

Está no texto (pobrinho que só!):

"(...) ele herda dinheiro que O PERMITE estudar."

Gente, confiscaram os dicionários da redação?

No Houaiss, por exemplo, as primeiras frases que ilustram o verbete "permitir" são <a lei não permite a baderna> <o médico permitiu-lhe o café>. Custava consultar?

E a regência, ó...

Há alguns dias que o debate aqui é o que andam ensinando na escola — e, pelo visto, estão "andando" pro Português.

Vários amigos não aguentam mais ouvir gente "perguntando DE alguém" (em vez do correto "por Fulana" ou "sobre Beltrana").

Ou colegas que "pedem PARA QUE" se faça alguma coisa — para que isso???? Deixem o "para" em casa, por favor.

Ou pessoas dizendo que Sicrano é "responsável DA diretoria" (em vez de "pela diretoria").

No último caso, até pode haver uma explicação: vai que o Sicrano é o único ser responsável dentro do departamento e o resto é um bando de desajuizados?

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Servicinho de quinta!


Ainda estava dançando ao ritmo de "Madasgacar 3", que tinha gravado, e quase caí do sofá, ao ver o anúncio da Net de vários filmes que vão sair do cardápio.

Não que algum deles tenha me interessado em especial.

O susto foi ouvir — e ler na tela — "Astérix e Obélix AO serviço de sua majestade"!

AO serviço??? 

Alguém se deu ao trabalho de consultar um livro de Português (ou mesmo a internet) antes de escrever isso?

Ah, a 'mudernidade'...

Uma reforma enlouquece muita gente, duas reformas enlouquecem muito mais.

Três, quatro, mais um (des)acordo ortográfico e... o povo pira de vez!

Hoje ressuscitaram um acento circunflexo em FORMA, destacado em título, com letras garrafais, no Segundo Caderno do Globo — e numa página que se pretende "muderna".

Eu já nem me lembro há quanto tempo não como um PÃO DE FÔRMA assim, com "chapeuzinho".

Alguém sabe dizer em qual das reformas ele foi engolido?

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Jornalismo por baixo

Alguns colegas querem estar sempre por cima.

Já li que o "Brasil descumpre meta SOBRE homicídios", que o "enredo da escola (tal) é SOBRE (Fulano ou Beltrano)", que "famosos comentam SOBRE o casamento britânico" e outros disparates.

Agora, com a colaboração de um amigo, descubro que há colegas que preferem ficar por baixo.

Antes que me interpretem mal, explico: no Globo de ontem, a matéria de um debate realizado no próprio jornal (mediado pelo George Vidor) reproduziu assim uma fala do presidente da MPE, Renato Abreu:

"(...) Temos que ter modais SOB trilhos (...)."

Fiquei preocupada. Se hoje os nossos trens já não andam exatamente nos trilhos, o que será do nosso sistema de transporte se resolverem pendurar os vagões abaixo deles?!? Descarrilaram de vez!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Maconha que vem do exterior

O mesmo amigo ouviu na rádio CBN, de manhã, que a polícia tinha prendido uns traficantes e apreendido muita maconha "no interior do porta-malas do carro dos bandidos". 


Tive que rir com a imagem que passou pela cabeça dele, pois imaginei coisa parecida:

"Cheguei a pensar que a maconha pudesse estar amarrada na tampa do porta-malas, por exemplo..."

Depois ri de novo, pois visualizei um cestão "no exterior" do porta-malas do veículo e os traficantes apregoando seu produto pelas ruas em alto-falantes, como se fosse "pamonha". Dá rima!

Sem senso e sem comparação

Quando estou enrolada, desatenta, ou mesmo sem jornal, tem sempre um amigo antenado pronto a colaborar com o blog.

Com agradecimentos a todos eles, mando aqui uma das pérolas pescadas por um querido ex-colega de redação.

O local da "pescaria" foi a página 16 do Globo de ontem. Está lá, como ele me contou:

"(...) Um cara atropelou mãe e filho na Ilha do Governador. O menino morreu, a mãe ficou ferida. Declaração da mãe (segundo o repórter): 'Me machuquei um pouco, mas nada se compara ao que aconteceu com o meu filho'."
Meu amigo arremata:

"De fato, nada se compara." Precisa dizer mais?

sábado, 3 de agosto de 2013

Adeus às "illusions"

"Lifestyle", "performer", "fashion communication", "stylist"...
 
Encontrei tanto termo "gringo" no Globo de hoje — do primeiro ao último caderno e sem itálico ou coisa do gênero — que achei que estava em outro país.

Só tive certeza de que estava no Brasil mesmo quando li que estão pensando em transferir parte das Olimpíadas da cidade do Rio de Janeiro para Foz do Iguaçu, lá longe.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Quando 'child' é filho mesmo

Segundo consta, o feiosão aí da foto faz sucesso em programas do tipo "reality", que não passam na minha TV.

Mas uma amiga jornalista encontrou o tal Simon Cowell em texto ainda mais feio que ele, no noticiário do Terra.

O tema é um imbróglio entre Simon, seu amigo Andrew e a esposa deste, que estaria esperando um filho do primeiro.

Além de ser leitura indispensável (como é que eu não sabia de nada disso?!?), o "primor" de matéria traz, lá pras tantas, a seguinte frase:

"Lauren ainda é tecnicamente casada com Andrew, mas deve se divorciar para viver com o pai de sua futura criança."

Podiam completar a coisa dizendo seu(sua) futuro(a) adolescente, futuro(a) adulto(a) etc. etc. — e aposentando de vez o tradutor do Google.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sentimentos de areia

Provavelmente revoltadas por terem sido expulsas das novas arenas, embora estejam na origem do seu nome, as areias resolveram externar seus sentimentos e tentar atrair novos admiradores em outras plagas.

Bom, pelo menos é o que dá pra se imaginar pelo título da seção Filmes de 
Hoje, do Segundo Caderno, que exibe umas tais "AREIAS AFETIVAS".

Eu conhecia areia fina, areia grossa, clara e escura, quente, movediça...
"Afetiva" é novidade. Dá até um certo receio de passar pela praia. Vai que ela está carente e...

O Inter veio do Sul e não viu nada!

Minha amiga genealogista ouviu a besteira primeiramente no rádio, nas notícias das manifestações do povo nas ruas.

Depois, tornou a ouvir na Globonews, num papo "jornalístico-informal" a respeito da visita do papa.

Mas só hoje, quando viu o erro impresso, na coluna Panorama Político, não resistiu e ligou pra me contar.

Cheguei a duvidar por instantes. Porém, está lá, com todas as letras:

"(...) a direção de seu partido interviu no Paraná (...)". Ui!

Essa a gente aprendia na escola: o verbo é INTERVIR, não é "interver". Portanto, conjuga-se como VIR, não como "ver": o partido INTERVEIO, a polícia INTERVEIO e assim por diante.

"Interviu" pode ser usado, quem sabe, num dia em que o Verissimo não desgrudou da TV porque tinha jogo do seu time, quando um médico examinou ressonâncias, raios-X e o escambau, para conhecer o interior do paciente... Sei lá eu!